OS SPORTINGUÍADAS (Contribuição de Fernando Amorim)

Livre Primeiro
A selva e os leões esverdeados
Que de Alvalade, campo Lusitano,
Por terrenos nunca dantes navegados,
Partiram para lutar todo o ano
Em disputas e jogos esforçados,
Mais em força porque o jeito era um engano
E entre gente decidida edificaram
Um novo estádio que tanto sublimaram.
.
E também as vitórias gloriosas
Dos mestres que foram dilatando
A fé no Clube, e as prácticas viciosas
Dos juízes que iam denunciando,
E aqueles que por artes defeituosas
Se vão de campeonatos libertando.
Jogando espalharei por toda a parte
Se não for tosco e tiver engenho e arte.
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Cesse dos rivais a grande aposta
E as viagens grandes que fizeram,
Divulgai pelo vale e pela costa
A falsidade das vitórias que tiveram
Que eu canto uma verdade não imposta
A quem águias e dragões obedeceram.
Cesse tudo o que certa gente canta
Que um Leão mais alto se alevanta.
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Atletas, artistas meus, com vossa graça
Tendes em mim um sempre sócio leal.
Dai-me agora um campeonato ou uma taça
Em ouro trabalhada, nobre metal.
Dai-me vitórias para que o milagre se faça
Por esses campos fora. E afinal
Que do vosso fino jogo, os tubarões
Se mordam todos com inveja dos leões.
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Dai-me o gozo de jogadas delineadas
Mas não de qualquer forma ou estilo rude.
Dai-me a alegria de épocas passadas,
Trazei-me garra e fazei que tudo mude.
Que em longos passes e fintas ordenadas
Comam a relva, que de fresca dá saúde,
Mostrando a todo o mundo que Alvalade
É rei do jogo e também rei da vontade.
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E os sócios humildes mas valentes,
Subindo ao Lumiar, pela Liberdade!
Bons tempos, outras eras, outras gentes
Que nos encantam e nos trazem a saudade
De um Clube, o primeiro em várias frentes,
Maravilha de espantar , para a idade.
E com orgulho mas sem que ninguém o mande,
Toma glória e mostra que Deus é grande.
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Vós, Clube eterno e florescente
Com honras e brasões agraciado
Mais do que qualquer outro no Ocidente
Por muito que assim o tenha desejado,
Olhai o Historial bem de frente,
Que saudades do tempo já passado
Onde com farta alma e corajoso coração
Era o Sporting um eterno campeão.
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Tu ó Rei da selva, habituado
Em tudo o que é desporto a ser primeiro
Há tantos anos do topo arredado,
Lutai, fazei um esforço derradeiro.
Tirai dos sabedores o aprendizado
Para que de novo sejais o cavaleiro
Imponente e valoroso e que à gentalha
Se cale a boca e se despreze o ar canalha.
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Mas não se iludam jamais os mal paridos,
Inimigos sem honra e sem glória,
O rugido do Leão dos tempos idos
Voltará para prosseguir a nossa História.
Novos heróis irão nascer e conhecidos
Ficarão eternamente na memória
Daqueles que por feitos valorosos
Conquistaram campeonatos numerosos.
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Vereis amor dos Leões sem recompensa
Ou prémio algum, mas amor que não esmorece,
Que não há prémio que se dê se é grande a crença
E é real todo um passado que não esquece.
Olhai a glória que entre Sagres e Valença
Os corações enche e, de júbilo, a alma aquece.
E dir-me-eis então o que melhor julgais:
Se ser dos homens rei, se Rei dos animais.
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Fernando Amorim – 24 de Julho de 2006

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